A Divisão de Ciência da Computação tem como visão ampliar a formação de pessoal de alto nível, tanto de graduação quanto de pós-graduação, preparando seus egressos para atuar de forma ética, competitiva e produtiva, bem como avançar as pesquisas nas áreas de computação com vistas a contribuir para as áreas estratégicas para o setor aeroespacial, de defesa, militar, bioengenharia e manufatura digital.
O ITA tem um claro pioneirismo na história da Ciência da Computação no Brasil, como pode ser constatado pelo relato de alguns episódios descritos a seguir.
O primeiro computador importado pelo Brasil foi adquirido pela prefeitura de São Paulo e tinha como função primária modernizar o serviço de emissão de contas do Departamento de Águas e Esgotos (DAE). A notícia foi veiculada em primeira mão pelo jornal “O Estado de São Paulo” no artigo intitulado “2.400 multiplicações por minuto” (18/07/1957), no qual foram apresentados alguns dados técnicos do modelo UNIVAC 120.
Capaz de executar 12.000 adições/subtrações e 2.400 multiplicações/divisões por minuto, media 1.80m de altura, 2.0m de largura e 0.75m de profundidade. O UNIVAC funcionava por meio de 4.500 válvulas, custou 100 mil dólares e foi operado por jovens engenheiros formados no recém-inaugurado Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Em 1961, quatro alunos do ITA (Alfred Volkmer, Andras Gyorgy Vasarhelyi, Fernando Vieira de Souza e José Ellis Ripper Filho), entusiasmados com uma visita que haviam feito a Cie. de Machines Bull, na França, onde vislumbraram detalhadamente as etapas do projeto e fabricação de computadores, apresentaram como trabalho de conclusão de curso um equipamento didático que mostrava como a informação se processava dentro do computador. Com um auxílio financeiro de 350 dólares obtido do CNPq e auxiliados pelo chefe da Divisão de Eletrônica do ITA, Prof. Richard Wallauschek, eles construíram um aparelho que ficou conhecido como “Zezinho”. Seu painel tinha 2m de largura por 1.5m de altura, e foram utilizados cerca de 1500 transistores e diodos de fabricação nacional, produzidos pela Ibrape (subsidiária da Philips). Essa máquina era apenas um aparelho didático para uso em laboratório, mas ganhou um lugar na história como o primeiro computador não-comercial transistorizado totalmente projetado e construído no Brasil.
A pós-graduação do ITA (curso com código 33011010005P0) foi pioneira no país, tendo iniciado seu Mestrado Acadêmico em 01/01/1961 e seu Doutorado em 01/01/1969, ou seja, antes do parecer 977/65 (conhecido como Parecer Sucupira, de 03/12/1965), que instituiu a pós-graduação no Brasil. Também é anterior à própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (n° 4024 de 20/12/1961, cf. artigo 69), na qual há menção ao caráter distinto das três grandes categorias de cursos (graduação, pós-graduação e especialização). Nessa época, a atuação em Ciência da Computação dava-se no Laboratório de Processamento de Dados (LPD) do ITA, onde trabalhou um dos grandes pioneiros do Brasil neste campo, o Major-Brigadeiro e Engenheiro Tércio Castro Pacitti. Além de atuar na implantação da informática no ITA, na UFRJ e na UNIRIO, ele utilizou, durante os anos 60, as conhecidas máquinas IBM 1620 e IBM 1130 na resolução de problemas de engenharia. Um dos desdobramentos dessa iniciativa originou a disciplina de Cálculo Numérico, tão conhecida e presente nos diversos cursos de engenharia do país. Além disso, seu livro “Fortran Monitor” talvez seja o primeiro best-seller da Ciência e Tecnologia do Brasil, atingindo mais de 250 mil exemplares vendidos no país.
O ITA, em particular a Divisão de Ciência da Computação, contou, também, por mais de 20 anos, com o professor Celso de Renna e Souza, pesquisador reconhecido nas áreas de Inteligência Artificial e Teoria dos Jogos. Entre seus trabalhos, merecem destaque os que realizou na Universidade de Notre Dame, atuando ao lado de renomados pesquisadores como Manuel Blum, Richard Stearns e Juris Hartmanis, todos agraciados com o Prêmio Turing.
A Divisão de Ciência da Computação (IEC) do ITA foi criada no início dos anos 80, possuindo hoje quatro departamentos: Teoria da Computação (IEC-T), Metodologias de Computação (IEC-M), Sistemas de Computação (IEC-SC) e Software e Sistemas de Informação (IEC-I).
O curso de graduação em Engenharia de Computação do ITA foi implantado em 1989 (Portaria ITA n° 041/GM3 de 17/01/1989), tornando-se um dos mais conceituados do país. Dentre outras condecorações, tem recebido 5 estrelas no Guia do Estudante da Editora Abril há vários anos. Dentre os cursos de graduação do ITA, é o que possui o maior percentual de egressos que permanecem atuando na sua área de formação. Além disso, nossos engenheiros de computação são responsáveis por diversas iniciativas de empreendedorismo (startups), muitas na região do Vale do Paraíba, e vários deles foram contratados por grandes empresas mundiais deste setor, como Google, Microsoft, Facebook e Cisco.
Por outro lado, o Mestrado e o Doutorado Acadêmicos, na área de Informática, dentro do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Eletrônica e Computação (PG/EEC), surgiram a partir de 1992: até meados de 2017, foram formados 251 Mestres e 86 Doutores nessa área. Seu principal objetivo é capacitar o pós-graduando a estabelecer contato com o estado-da-arte da Ciência da Computação, habilitando-o a desenvolver projetos em áreas estratégicas, como aeronáutica, aeroespacial, militar, defesa, bioengenharia e manufatura digital.